Wednesday, November 16, 2016

O Gênio dos Edgeworths: Do Castelo a Caixa

Edgeworth é um sobrenome famoso na economia. Francis Ysidro Edgeworth foi um catedratico de Oxford. Todos, exceto os graduados da Unicamp, já ouviram falar de curvas de indiferença ou da caixa de Edgeworth, instrumentro essencial para entender que o equilíbrio de Mercado ocorre com a compatibilidade simultânea das ações independentes, descentralizadas dos consumidores que maximizam suas funções utilidade através da informação provida pelos preços. Ela ilustra também que o equilíbrio de Mercado tem implicações distributivas, e ocorre ao longo da curva de contrato que são descritas como core. As contribuições de Edgeworth não são limitadas a economia matemática, ele, ao lado de Jevons, é responsável pela introdução dos métodos estatísticos da astronomia na economia, como a análise de variância e o método dos mínimos quadrados. Foi também o editor fundador do Economic Journal.

O gênio de Edgeworth certamente tem um componente familiar. Seu avô, Richard Lovell Edgeworth, era um inventor de escol membro da Lunar Society [concebeu a caterpillar track] e ficou famoso como educador na Irlanda. Em um dos seus papers, sobre Charter Schools, ele salienta que o skill mais importante para os estudantes é a artimética. Os alunos não podem se limitar apenas aprender a ler e escrever. Eles têm que aprender a artimética porque ela ensina as regras da lógica, alcança as verdades eternas, estimula a curiosidade e a aprendizagem, e, portanto, aumenta a capacidade intelectual dos pupilos. Richard teve 22 filhos com 4 esposas, o pai de Edgeworth, Francis Beaufort Edgeworth, era o filho numero 21, a tia mais famosa de Edgeworth, Maria Edgeworth, era a mais velha das irmãs e nascera 42 anos antes de Francis Beaufort.

Maria Edgeworth era uma escritora conhecida e respeitada, influenciou Scott e Thackeray. Ela escreveu uma pequena e extremamente valiosa jóia da literatura inglesa, Castle Rackrent. O diminuto livro na verdade são dois livros, a estória literária é uma comédia, um manual do sofisticado humor britânico, que ridiculariza a aristocracia irlandesa e valoriza o seu populacho. Mas o livrinho é também um profundo tratado sociológico da Irlanda, escrito no glossário. Por exemplo, Mary explica a expressão popular Whillaluh, que é uma lamentação aos mortos. Sua origem é traçada as linhas de Virgílio e Ovídeo, que usam variações da palavra Latina Ululo, que em português forma o verbo ulular [uivar, ganir, lamentar, gritar]. Contudo, Mary ao elaborar sobre essa expressão acaba descrevendo as tradições funerárias irlandesas e fala sobre as carpideiras, contratadas para chorar alto nos enterros [como vemos uma cara tradição católica, comum também no Brasil de antanho]. Ela, então, num toque de genialidade pura e cristalina, descobre o conceito de custo de oportunidade e observa: “To attend a neighbour’s funeral is a cheap proof o humanity, but it does not, as some imagine, cost nothing. The time spent in attending funerals may be safely valued at half a million to the Irish nation”.

Sem me alongar vale a pena estressar que nessa familía nem todos têm valor excepcional. O bisavô de Richard Lovell Edgeworth [portanto ta-ta-ta-ravô de Edgeworth] era o infame adEvogado Sir Salathiel Lovell, Salathiel era uma espécie de ministro maranhense do STJ com o poder discricionário de um Saudi Mutaween para zelar pela moralidade e bons costumes. Ele foi cantado em prosa e verso em Reformation of Manners por Daniel Defoe [sim, o autor de Robinson Crusoe] por sua corrupção e putaria ilimitadas. Lovell mancomunado a outros juízes também alvos de Defoe articulou sua prisão e condenação. Mas essa é outra história.

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